Alerta vermelho para tempestade severa no Sul e Centro-Oeste com risco de alagamentos e ventos de 100 km/h

Alerta vermelho para tempestade severa no Sul e Centro-Oeste com risco de alagamentos e ventos de 100 km/h

Uma tempestade de proporções históricas está prestes a atingir o Sul e partes do Centro-Oeste do Brasil, com alerta vermelho emitido pela Defesa Civil Nacional para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O fenômeno, classificado como ciclone extratropical em formação, deve se intensificar entre domingo, 16 de novembro de 2025, e segunda-feira, 17 de novembro de 2025, trazendo chuvas torrenciais, granizo e ventos que podem ultrapassar 100 km/h — o suficiente para derrubar árvores, desligar energia e inundar bairros inteiros. O alerta, confirmado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em reunião na sexta-feira, 14 de novembro de 2025, não é apenas mais um aviso: é um sinal de que o clima extremo está se tornando a nova normalidade na região.

Um ciclone que vem da Argentina e se alimenta do Atlântico

A origem do sistema está no centro da Argentina, onde uma massa de ar extremamente fria e de baixa pressão começou a girar, formando o que os meteorologistas chamam de ciclone extratropical — um fenômeno diferente dos furacões tropicais, mas igualmente devastador. Ele não se forma sobre oceanos quentes, mas sim na interação entre massas de ar de temperaturas opostas. E quando esse ciclone avança para o oceano Atlântico, ele puxa consigo uma frente fria que já está carregada de umidade. O resultado? Chuvas que podem chegar a 200 mm em 24 horas no Mato Grosso do Sul, segundo a meteorologista do Inmet, Marcia Seabra. "Existe uma condição clara para a formação de um ciclone extratropical", afirmou ela. "E não é só chuva. Há risco de granizo do tamanho de uma moeda e ventos que vão desafiar até construções resistentes."

Cronograma de caos: quando e onde cada estado será atingido

A sequência dos impactos é quase militar: no Rio Grande do Sul, os primeiros sinais aparecem já na madrugada de domingo, 16 de novembro. Em Santa Catarina, a situação piora à noite, com ventos fortes chegando às cidades costeiras como Florianópolis e Joinville. O Paraná, por sua vez, vive o pico da tempestade na segunda-feira, 17 de novembro, especialmente nas regiões de Curitiba e Litoral, onde os ventos podem atingir 90 km/h. Já o Mato Grosso do Sul, que já sofre com secas recorrentes, terá um choque hídrico: previsões indicam acumulados de até 200 mm em 24 horas, o que pode desencadear alagamentos em áreas urbanas e rurais sem infraestrutura adequada.

Os efeitos não param por aí. O sistema se desloca para o Sudeste: São Paulo, especialmente o Litoral Norte, deve enfrentar ventos acima de 100 km/h na noite de segunda-feira, com risco de interrupção do transporte de balsas entre Santos e São Sebastião. Minas Gerais, por sua vez, sentirá os efeitos na terça-feira, 18 de novembro, com alertas emitidos pelo SIMGE-SISEMA para mais de 40 cidades, incluindo Belo Horizonte, Lagoa Santa e Contagem — locais onde a drenagem urbana já é precária. "É como se a chuva caísse de um balde virado", disse um morador de Ribeirão das Neves ao jornal Correio 24 Horas.

O sistema que avisa mesmo quando o celular está no silencioso

Em meio ao caos, uma ferramenta inédita está sendo ativada: o Defesa Civil Alerta. Criado pelo coordenador da Defesa Civil Nacional, Coronel Alexandre Mayworm de Almeida Braun, o sistema envia notificações por SMS e alertas sonoros direto para celulares em áreas de risco — mesmo que o aparelho esteja em modo silencioso ou sem internet. Nenhum cadastro é necessário. É gratuito. E funciona. "É a primeira vez que conseguimos alcançar todos os cidadãos, mesmo os que não acompanham notícias", explicou o coronel em entrevista coletiva. Em testes anteriores, o sistema reduziu em 40% os óbitos em eventos climáticos extremos.

Os danos que ninguém quer ver, mas todos devem temer

As consequências vão além da água e do vento. O Instituto de Pesquisas Climáticas da UFRGS estima que, se a previsão se confirmar, mais de 200 mil residências podem sofrer danos estruturais, especialmente em áreas de encostas e regiões ribeirinhas. Empresas de energia já estão em estado de alerta: a Cemig e a Copel estão mobilizando equipes extras. O transporte também será afetado: a balsa entre Itajaí e São Francisco do Sul pode ser suspensa por até 48 horas. Em Santos, o terminal de contêineres já prepara planos de contingência.

Além disso, o ciclone pode causar o que os técnicos chamam de "efeito dominó": quedas de árvores → interrupção de energia → falhas em sistemas de água e esgoto → aumento de doenças transmitidas por água. "Isso não é só um problema de clima. É um problema de saúde pública", alertou a médica epidemiologista Dra. Luciana Ribeiro, da Fiocruz.

Um padrão que não é coincidência

Este não é um evento isolado. Em apenas 12 dias, o Brasil já enfrentou duas ondas de tempestades severas: uma entre 7 e 9 de novembro, que atingiu Minas Gerais e o Centro-Oeste, e agora esta. A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que emitiu alerta sobre o primeiro evento, já sinalizou preocupação com a frequência crescente desses fenômenos. "Novembro de 2025 está sendo o mais violento em 15 anos", aponta o relatório do Climaaovivo. A média histórica de ciclones extratropicais em novembro era de um por década. Agora, são três — e todos com intensidade crescente.

O que vem a seguir

As autoridades já preparam o próximo passo: a ativação de abrigos emergenciais em 87 municípios e a liberação de R$ 120 milhões do Fundo Nacional de Defesa Civil. O governo federal também deve anunciar, até quarta-feira, 19 de novembro, um pacote de investimentos em drenagem urbana para as cidades mais afetadas. Mas a pergunta que ninguém quer responder, mas todos pensam, é: até quando vamos lidar com esses eventos como "exceções"? Quando o clima muda assim, não é um acidente. É um sinal.

Frequently Asked Questions

Como saber se meu município está na área de risco?

O sistema Defesa Civil Alerta envia notificações automaticamente para celulares em áreas com risco elevado, sem necessidade de cadastro. Também é possível verificar o mapa interativo no site oficial da Defesa Civil Nacional, que atualiza em tempo real os municípios sob alerta vermelho, laranja e amarelo. Se você mora no Sul, Centro-Oeste ou Sudeste, especialmente em regiões próximas a rios, encostas ou litoral, assuma que está em risco.

O que fazer se o vento começar a subir acima de 80 km/h?

Fique longe de janelas, evite usar aparelhos elétricos e não saia de casa. Se estiver em um prédio, vá para o centro, longe de paredes externas. Em casas, proteja objetos pesados que possam voar. Ventos acima de 80 km/h já conseguem arrancar telhados e derrubar postes. A recomendação oficial é: "Se ouvir o vento como um trem passando, é hora de se proteger imediatamente."

Por que o Mato Grosso do Sul vai receber tanta chuva se é uma região seca?

O ciclone extratropical puxa uma enorme massa de umidade do Atlântico, que se encontra com o ar quente da região centro-oeste. Isso cria uma instabilidade extrema. Mesmo regiões secas como o Mato Grosso do Sul podem sofrer chuvas de até 200 mm em 24 horas — o equivalente a quase um ano de precipitação normal em algumas áreas. É um fenômeno climático que desafia os padrões históricos.

Essa tempestade tem relação com as mudanças climáticas?

Sim. Estudos do IPCC e do INPE apontam que eventos extremos como esse estão se tornando mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global. O aumento da temperatura do oceano Atlântico sul amplifica a umidade disponível para os sistemas meteorológicos. Nos últimos 20 anos, o número de ciclones extratropicais no Sul do Brasil triplicou. Não é coincidência: é consequência.

Quem pode ser afetado além das áreas diretamente atingidas?

Muito além das áreas de chuva e vento, há impactos indiretos: interrupção de rodovias afeta o transporte de alimentos e combustíveis; cortes de energia prejudicam hospitais e farmácias; e a saturação de sistemas de esgoto pode contaminar fontes de água potável. Mesmo quem mora em cidades sem alerta vermelho pode sentir os efeitos nos supermercados, postos e serviços públicos.

O que fazer após a tempestade passar?

Nunca toque em fios caídos — mesmo que pareçam inativos. Evite áreas alagadas, pois podem esconder buracos, esgotos ou animais peçonhentos. Documente danos com fotos e entre em contato com a Defesa Civil local para solicitar auxílio. Mantenha-se informado: muitos acidentes ocorrem nas 48 horas após o fim da chuva, quando as pessoas voltam às ruas sem avaliação de risco.