Quando Movimento Global à Gaza confirmou que a última embarcação da Flotilha Global Sumud foi interceptada pelas forças navais de Israel, a notícia virou manchete instantânea em Brasília e em capitais ao redor do mundo. A operação ocorreu às 4h29 (horário de Brasília), quando o barco Marinette foi abordado no meio do Mediterrâneo. Mais de 460 integrantes foram detidos, entre eles 15 brasileiros – incluindo a deputada federal Luizianne Lins, deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT‑CE) e a vereadora de Campinas Mariana Conti, PSOL (SP).
Contexto do bloqueio israelense a Gaza
Desde 9 de outubro de 2023, bloqueio total a GazaFaixa de Gaza tem sido a resposta de Israel ao ataque do Hamas que devastou cidades do sul do país. Primeiro, cortou-se a entrada de alimentos, água, medicamentos e energia; depois, a partir de 21 de outubro, Israel começou a permitir ajuda humanitária limitada, mas manteve 56% da ajuda ao norte bloqueada em janeiro de 2024. Em fevereiro, 1,1 milhão de palestinos ficaram sem acesso a alimentos. No dia 2 de março de 2025, o bloqueio foi endurecido até a proibição total de qualquer suprimento – o mais longo fechamento da história.
Especialistas em direito internacional avisam que essa política configura punição coletiva, possivelmente crime de guerra, já que a população civil paga o preço de decisões políticas. A ONU, a Cruz Vermelha e dezenas de ONGs já documentaram mercados vazios, crianças subnutridas e hospitais à beira do colapso.
A Flotilha Global Sumud e as interceptações
A Flotilha Global Sumud nasceu como iniciativa de solidariedade humanitária, reunindo ativistas, médicos e voluntários de mais de 30 países. O objetivo declarava‑se simples: quebrar o cerco e levar ajuda direta ao povo de Gaza. Em 2023, Israel já havia apreendido três navios da mesma campanha; agora, todas as embarcações da corrente missão foram capturadas.
Segundo o comunicado oficial do movimento, a captação final aconteceu quando o Marinette avistou um navio militar a apenas cinco minutos de distância. Vídeos nas redes mostram um dos tripulantes gritando “Navio militar avistado!” antes da explosão de luzes e sons que marcaram a abordagem.
Detalhes da última abordagem e prisão de Kesdiot
As forças da Marinha de Israel cercaram o barco, forçaram a rendição e transferiram os 461 detidos para o interior do país. O destino imediato foi a prisão de Kesdiot, localizada no deserto de Negev. Lá, autoridades militares criaram um “campo de detenção” específico para estrangeiros capturados durante operações navais.
Entre os brasileiros, além de Luizianne Lins e Mariana Conti, foram registradas as prisões de Nicolas Calabrese, Hassan Massoud, João Aguiar e Miguel de Castro. O levantamento corretivo do movimento apontou que o número de brasileiros sob custódia era 15, e não os 17 anunciados anteriormente.
Reações nacionais e internacionais
No Brasil, a Câmara dos Deputados recebeu pedidos de interlocução urgente. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado João da Silva (MDB‑RJ), solicitou à embaixada de Israel um relatório detalhado sobre as condições de detenção. Já a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou uma moção condenando o bloqueio e pedindo a libertação imediata dos presos.
Internacionalmente, a União Europeia e a Anistia Internacional emitiram notas de repúdio ao que chamaram de “uso de força desproporcional contra civis”. A organização Human Rights Watch destacou que a transferência para Kesdiot viola a Convenção de Genebra ao impedir o acesso de advogados e familiares.
Perspectivas e próximos passos
Enquanto Israel mantém a postura de que a libertação de quaisquer detidos depende do retorno dos reféns do Hamas, grupos de pressão afirmam que a medida serve apenas para reforçar o cerco. A expectativa agora recai sobre negociações diplomáticas envolvendo Qatar, Egito e, possivelmente, a ONU.
Para a Movimento Global à Gaza, a estratégia passa a focar em campanhas de pressão pública e em ações judiciais internacionais. O próximo grande passo será a convocação de uma reunião de emergência da Assembleia Geral da ONU, prevista para o final de outubro, onde o caso da Flotilha Sumud deverá ocupar a pauta.
Fatos principais
- Data da última interceptação: 4h29 (horário de Brasília), 4 de outubro de 2025.
- Navio capturado: Marinette.
- Totais detidos: 461, dos quais 15 brasileiros.
- Local de detenção: prisão de Kesdiot, deserto de Negev.
- Bloqueio total a Gaza iniciado: 9 de outubro de 2023; endurecido em 2 de março de 2025.

Perguntas Frequentes
Quantos brasileiros foram presos na última abordagem?
Foram detidos 15 brasileiros, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT‑CE) e a vereadora Mariana Conti (PSOL‑SP). O número foi corrigido após o movimento esclarecer que os dois presos anunciados a mais eram erros de contagem.
Qual é a razão oficial de Israel para manter o bloqueio total a Gaza?
Israel afirma que o bloqueio visa pressionar o Hamas a liberar os seus próprios reféns e impedir o reforço de armas. Contudo, organizações internacionais consideram a medida uma punição coletiva que atinge civis, podendo configurar crime de guerra.
Onde os presos da Flotilha Sumud foram levados após a captura?
Os detidos foram transportados para a prisão de Kesdiot, situada no deserto de Negev. Lá, eles permanecem sob custódia militar, sem contato imediato com advogados ou familiares.
Qual foi o incidente anterior envolvendo uma flotilha humanitária em maio de 2025?
Em 2 de maio de 2025, um navio que transportava entre 16 e 30 ativistas internacionais foi atacado por drones em águas internacionais a cerca de 14‑17 milhas náuticas da costa de Malta. As autoridades maltesas ofereceram apoio, mas o capitão recusou o procedimento de inspeção.
Qual o próximo passo da comunidade internacional em relação ao caso?
Esperam‑se discussões na Assembleia Geral da ONU no final de outubro, onde o bloqueio e a detenção de ativistas deverão ser debatidos. Simultaneamente, grupos de direitos humanos planejam levar o caso ao Tribunal Penal Internacional.